Dizia-me hoje um amigo: "Se eu apanho o Medina, enfio-o no meu Corsa e desafio-o para fazer Lisboa de uma ponta a outra como eu tenho de fazer todos os dias."
Eu sorri. Para não falar ainda mais do que tenho falado, inclusivamente aqui no blogue.
E continuou o meu amigo: "Basicamente, ele tirou faixas de rodagem para fazer jardins e, as que ficaram, têm metade do tamanho." Totalmente verdade.
Medina, de resto, e sei eu de fonte segura (inchem, jornalistas de primeira), já foi mesmo questionado sobre a legalidade da largura das faixas de rodagem, nomeadamente para a passagem de veículos prioritários, sejam eles ambulâncias ou camiões dos bombeiros. Eu estou tentado a apostar: NÃO PASSAM.
Alcatrão, muito alcatrão novinho em folha na cidade. A maioria, porém, mal colocado (à pressa, claro, mas depois de várias semanas de ter sido arrancado o antigo - imaginem passar, por exemplo, de mota numa estrada com alcatrão arrancado. Não o façam!) E jardins, muitos jardins. Todos eles feios, digo eu, todos eles ainda sem iluminação, pelo menos a minimamente exigível para uma cidade que se diz capital do país.
E, com tudo isto, é ver os turistas boquiabertos com o estaleiro em que se transformou Lisboa. Bem sei que 2016 deve ter batido vários recordes no que a número de dormidas nos hóteis diz respeito. Estou para ver o que nos reserva 2017. Uma coisa é certa: dificilmente quem aqui veio em 2016 vai voltar enquanto souber que as obras continuam.
Mas uma coisa é certa: todas elas acabarão em 2017. Ano de... eleições. Elementar. Nem que, para isso, Medina continue a distribuir os já famosos prémios aos empreiteiros que terminaram a obra antes do previsto. Bravo!
Acabei a terça-feira triste, comecei a quarta-feira revoltado. Vamos por partes: Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos. Pela população dos Estados Unidos. Em democracia. A opinião sobre se era ou não a melhor opção para os norte-americanos, fica para cada um. E pode ser partilhada, claro. As redes sociais ajudam a isso.
O direito à opinião (ainda) nos assiste, a todos e a qualquer um. Agora o direito à ofensa... isso não. Chamar estúpidos aos americanos é, para mim, um exagero. Uma falsidade, até. Que direito tem um qualquer português, sentado na sua secretária, ou a caminho do seu trabalho, de smartphone na mão, de tecer juízos de valor sobre uma pessoa de outro país que, exercendo o seu direito ao voto, escolheu quem, para si, era a melhor (ou a menos má) opção para governar o país onde reside, onde provavelmente terá nascido, onde paga os seus impostos?
Mais: que direito tem um português de colocar em causa a eleição democrática num país quando, no seu, foi eleito Primeiro-Ministro um político que, nas urnas, e na prática, perdeu?
E acrescento outro dado: quantas das centenas (arrisco a dizer milhares) de pessoas que ofenderam, tanto presidente como população, dos Estados Unidos após conhecidos os resultados das eleições, sabe de facto o background de Donald Trump e, sobretudo, de Hillary Clinton? E dessas dezenas (vá, centenas) dos que sabem, de facto, os antepassados dos candidatos, conhecem realmente como funcionam as eleições nos Estados Unidos? Quantos sabem, por exemplo, o que é o Colégio Eleitoral? E porque raio os norte-americanos votam a uma terça-feira?
Leiam, amigos. Leiam muito. Formem a vossa opinião. A vossa própria opinião. E, claro, partilhem com os outros as vossas conclusões. Agora, por favor, não insultem quem exerceu o seu direito de ir às urnas e quem teve a coragem de avançar para um dos mandatos mais difíceis da história do pior país para se governar.